terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Dias Quentes Metropolitanos


Existe sempre o dia, em que a cabeça acorda cansada mesmo depois do sono, que o corpo acorda exausto mesmo depois do descanso, e você acaba se perguntando o que será que aconteceu para sua cabeça está tão cheia de coisas logo pela manhã.
O dia já começa ruim: o telefonema do chefe dizendo que você irá fazer plantão, a cobrança do camelô na porta da entrada, o lembrete do médico na geladeira, os planos impostos por você para que dessa vez o ano não termine tão parecido com o do ano passado, e a necessidade de acreditar que no final tudo dará certo. Mil cobranças, mil lembranças, mil problemas e muita dor de cabeça.
O dia se resume em estresse e caras emburradas. E até o ar já poluído da cidade parece estar mais negro hoje. O calor parece até que aumentou um pouco seus graus, e todas as roupas frescas e bonitas que você comprou naquela viagem passada parecem estar desgastadas e velhas demais para você sair na rua e ainda parecer ser uma pessoa digna de beleza e olhares.
E esses dias tem o péssimo cálculo de julgar que se o começo foi assim, o final vai ser pior, e o que restante só vai piorar mais ainda. E isso assusta, estressa mais, faz mentes boas perderem completamente o juízo.
Então tudo se arrasta, e o dia realmente foi ruim, e tudo que você mais quer é chegar em casa, sentar no sofá, ligar a tv e assistir BBB. Não porque o programa é construtivo, mas porque de uma certa forma te limita a pensar. E não pensar é o remédio pra quem teve um dia cheio.
Então você simplesmente se espreguiça no sofá, com a casa em completa escuridão, pra gastar menos energia do que o indicado na conta caríssima de luz do mês passado, com o ventilador de teto em seu esforço máximo, as janelas abertas e a mente fechada. Mas dá um pequeno sorriso quando se lembra que juntou dinheiro o suficiente no ano passado daquele trampo aos sábados, pra fazer aquela viagem tão sonhada pra Angra daqui a duas semanas.
No final do programa, sem conseguir suportar mais as pálpebras pesadas que insistem em se fechar, você toma o banho frio de um chuveiro com a resistência queimada, e com preguiça de se trocar pula pra baixo de um lençol fininho de cama e dorme. Dorme com a necessidade de acreditar que no final tudo dará certo.

Nanda Fernandes. 

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