segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

O que faz um sentimento.



Eu sinto, nós sentimos, e quem não sente? O sentir, algo que tecnicamente precisa do tato, mas que na prática tanto faz ser com os olhos ou com o pensamento. A gente sente o que chega, derrama em lágrimas o que é profundo, e a mente entende que é tristeza. Mas nem sempre é necessário estar triste para chorar, o que torna o transbordamento de sentimentos algo complexo e difícil de entender.
Era nisso que eu pensava quando em mais um dia de termino de trabalho entrei naquele metrô lotado em pleno horário de pico. Sentei no espaço apertado do banco assim que um dos passageiros saiu na primeira parada. Era abril, estava frio, e algumas pessoas já acostumadas com o estresse costumeiro de cidade grande, se seguravam junto com suas carrancas e um copo fechado de alguma bebida quente.
Me desliguei do mundo com os meus fones de ouvido, mas alguém do lado oposto onde eu tinha me sentado, chorava copiosamente com a cabeça encostada na janela do vagão.
Aquilo, de uma forma ou de outra me atraiu, primeiro porque a pessoa era do sexo masculino ( tudo bem, eu não sou do tipo machista que acha que homens não choram, mas espera o segundo motivo) e segundo, era um homem tão grande que causaria medo até aos gigantes da WWE. Eu sei, meu preconceito e machismo me condena, mas certamente você se surpreenderia na mesma cena.
E no meio de todas aquelas pessoas completamente comuns e banais, eu e meu preconceito aprendemos a maior das lições que eu poderia aprender em um dia comum de frio e abril. Eu aprendi que quem disse que não se deve julgar um livro pela capa certamente já esteve em uma situação como essa. E se você ainda não entendeu onde eu quero chegar com esse papo redondo eu explico.
A gente costuma julgar sempre uma pessoa pelo que a gente vê, nós pegamos tudo que nós faz lembrar algo de bom e de ruim seja na sua fisionomia em sua fala e trata aquilo com verdade e pensamento decidido, fazendo assim em nossa mente uma ficha completa sobre aquilo que a pessoa nos passa. E aquele homem na minha frente que provavelmente fazia todos sentirem-se intimidados com sua altura e seu perfil másculo, me ensinou que na verdade, todos somos iguais por baixo da casca. Possuímos medo, choramos, rimos e gritamos. O que muda em nós verdadeiramente é a proporção em que fazemos isso, e a forma como interpretamos cada coisa.
Então eu peço para todos nós, sociedade mundial, eu inclusive, que na verdade as pessoas não são aquilo que pensamos dela, que todo mundo pode ser aquilo que quer mostrar ser, mas nem sempre é realmente tudo aquilo que mostra .
Espero que eu tenha transmitido minhas mensagens, porque em dias frios de abril, eu me perco totalmente em minha coerência e em minha falta de sentido.

PS: O homem continuou a chorar por todo caminho, até que descemos juntos na última parada, e até hoje, eu nunca mais o vi.

Nanda Fernandes


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